" Há razões para pensar que a língua é, toda ela, obra de poesia." José Saramago
A língua torta do Parnaso
A língua que se fala no Parnaso
(acaso o Parnaso tenha alguma)
é mais ferina e vil do que supunha
a testemunha viva do ocaso.
A língua que se fala no parnaso
tem prazo limitado de valia.
À noite, dá-se à luz da poesia,
de dia, dá-se à sombra do descaso.
A língua do Parnaso é, toda ela,
um osso (atravessado na goela)
que algum dia fora um esqueleto:
a tíbia, o perônio, o temporal...
ou um osso qualquer que, bem ou mal,
possa somar um verso ao soneto.
A língua torta do Parnaso
A língua que se fala no Parnaso
(acaso o Parnaso tenha alguma)
é mais ferina e vil do que supunha
a testemunha viva do ocaso.
A língua que se fala no parnaso
tem prazo limitado de valia.
À noite, dá-se à luz da poesia,
de dia, dá-se à sombra do descaso.
A língua do Parnaso é, toda ela,
um osso (atravessado na goela)
que algum dia fora um esqueleto:
a tíbia, o perônio, o temporal...
ou um osso qualquer que, bem ou mal,
possa somar um verso ao soneto.