XXI - Corruptela I - Ethos de uma Alma Invertida

I

As Duas Luas,

Uma negra e uma branca,

Reluziam em puro esplendor

Imersas no céu púrpura.

Meu Jardim Selvagem,

Permeado de Flores do Mal

E pleno de túmulos, onde

Os Mortos foram enterrados

E sua canção abafada

O mausoléu ornado em

Filigranas, onde fiz meu leito,

Exalava o perfume da melancolia

Em tons de azul cintilante denso.

Adentrei a capela barroca,

Onde milhares de santos de

Olhares tristes e piedosos,

Miravam-me derramando

A sua misericórdia sobre mim.

No altar central,

São Miguel Arcanjo

Pousava com as

Asas abertas, os cachos

Castanhos ornados por

Um halo dourado,

Sua armadura reluzente,

Com uma imensa cruz rosa

Sobre o peito e sua

Espada brandida acima

De sua cabeça.

Expus meu sagrado

Coração não-vivo,

Como fizera o Cristo,

E lágrimas vermelhas

Tingiram a minhas faces.

Ao voltar para meu

Jardim, vi que o céu

Púrpura se abria e

Dele descia um anjo.

Seus cabelos longos

Adornavam sua face

Portadora de um belo sorriso.