Psicoterapia de boteco

Portas abertas, templo de profanos,
altar de prateleiras coloridas
por tira-gostos, sonhos e bebidas,
fracassos, ilusões e novos planos.

Fumaça, solidão, causa perdida...
garçons que servem dores na bandeja,
enquanto um velho som inda solfeja
a música mil vezes repetida.

Concha em que ressona o ostracismo,
a lágrima, o riso e o lirismo
dos sôfregos em busca de motivos.

O boteco é o divã dos deprimidos,
dos fiéis, dos ímpios, dos perdidos
na noite sepulcral dos mortos-vivos.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 29/01/2021
Código do texto: T7171584
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