Preciso da máscara
Para evitar o contágio
A máscara encobre nariz e boca,
uma parte do queixo.
Elásticos prende-se em minhas orelhas
que logo se assanham em ser de abano.
Preciso do adágio

Um golpe de vento 
E, eu viro o dumbo
Um elefante azul imaginário
Que era capaz de ser
pesado e sutil.
Chumbo avarento.

Preciso da máscara.
Abafar meus fonemas estridentes.
Abafar o hálito semântico.
Abafar a voz firme.

Preciso de máscara.
Preciso passar incólume 
pelo coronavírus.

Vírus da realeza
Dotado de coroa perfurante
E, ainda, tem o da nova cêpa
Mais contagioso,
mais célere.
Até os vírus progridem
São mutantes
Adaptáveis e letais.
Mas, sempre poderoso.


Matam sem remorso.
Matam sem piedade.
Matam como
se fizessem uma assepsia.
Limpando.
Limando.
Reduzindo.
Tudo em uma asfixia.

Preciso da máscara
poética
numa rima imaginária
que dança tango
ao entardecer
e, outra patética
que ouve valsa
mirando a lua
incandescer.

Precisa-se de máscara
Para ludibriar a morte
Fingir ser intocável
Fingir que a assepsia
limpa até alma
de seus vestígios
fatídicos do
amadurecimento.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/01/2021
Código do texto: T7170964
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