ORGASMO LITERÁRIO

Nesta noite insone,

acostei-me em palavras

e numa delonga de dar pena,

aspirei lascívias solitárias...

Tua nudez, minha virilidade,

letras mudas testemunharam admiradas.

Sem nenhuma prudência,

despi-me dos versos

e gozei o lasso momento;

ruborizei a frase,

pulverizei a rima,

dei-me somente á margear o texto.

Nesta noite insone...

Bocage franziu a testa; desaprovando.

Fernando Pessoa ficou estático.

Um Drummond, lamurioso... Inquietou-se!

Do que me valho agora?

Simples neologismo.

Tesônicos quebram o silêncio,

enquanto vogais e consoantes,

correm afoitas pelas linhas seguintes

e sossegam no finalmente,

consolidando meu orgasmo literário.

Nesta noite insone.

Quem condenará meu ato?

Quantos me seguiram até o fim da página?

Quantos desfrutaram de minha ousadia?

Enquanto exponho minha arrogância,

permito-lhe o prazer,

o despudor fantasioso desta leitura...

Imagine quantas letras desnudei,

diante de teus olhos...

Letras umedecidas em meu esperma literal.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 30/10/2007
Reeditado em 30/10/2007
Código do texto: T716624
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