Luares de sangue

Luares de sangue

rasgam-me o peito as palavras ladradas e as cadelas no cio

nesses uivos contidos por sopros na noite…

há demónios soltos na planície árida de uma folha vazia

rubras são as horas negras da solidão

cálidos os pecados ocultos pela devassidão máscula

em doces palavras escritas por dedos trémulos

egos inflamados habitantes de decadentes corpos…

há lobos feridos em peles de cordeiro

e cordeiros mal vividos moribundos que se arrastam

curandeiros que os procuram, curam e domesticam

aprisionando-os em grades tépidas de algodão…

- e fodem… sob o peso da lua que os esconde

esses lobos velhos em espíritos juvenis

como se morressem depois, felizes…

matando e ferindo a matilha alfa que deixaram

na segurança da toca…

há luares de sangue que se erguem no rebanho…

Alberto Cuddel

10/01/2021 05:02

In: Entre o escárnio e o bem dizer,

Venha deus e escolha VIII

Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 10/01/2021
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