... d’enlevo e de fascínio

Da pedra e do ancoradouro liso,

o limo verde penetra desumano um espaço assombrado

d’enlevo e de fascínio.

Deslizam as coisas vãs, em pinturas pré-colombianas,

quando, no restolho de planuras adormentadas,

o Sol sem brilho ainda não jaz,

… no tanto, no agora, no tanto faz.

Gladiador em caminho oferto rumo ao Palácio de Cristal,

faminta a inanidade proclama a espada,

o frio concreto, o gume do vil metal.

Desbasta-se cansada na erva impura,

ceifeira sem terra,

mareante de um mar sem paz.

Imune à dor retumba no combate,

se a madre terra acorda e sente ausência da semente

e logo fita o vazio azul nas pupilas pontiagudas,

de si, na vacuidade de ser gente!

Do absurdo da serra, no beijo ao homem bomba,

o sangue ultrajado escorre-se na elevação da hora.

Na sala, ao fundo, o relógio pendular ribomba e chora …

Sublimes os lírios desavindos que o ar reúne.

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 29/10/2007
Código do texto: T715293
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