Na minha mão
O mar é grande e profundo
Caibo lá eu e o mundo.
Mas, na meia rotação
Um vómito de mata-cão
Vem à tona nauseabundo.
Será lá o mundo cão
Ou é o cão que eu confundo?
Não quero falar ao mundo
Prefiro ladrar então!
O céu é alto e circundo
Cabe lá o cão rotundo.
Mas na volta de um vulcão
Solta-se o espirro ladrão
Paira no ar um segundo.
Cairá o céu ao chão
Ou sobe o chão furibundo?
Não quero ser vagabundo
Prefiro chegar em vão!
O silêncio é mar fecundo
Cabe lá no submundo
O grito da objecção
A voz rouca da ilusão
O sonho com que o inundo.
Pousará ma minha mão
Ou murchará na traição?
Prefiro ser eu que afundo
Mas soltá-lo é que não!