NINHO DE PERIQUITOS
O crepúsculo azulado, quente
Derrama-se suavemente sobre a mata.
Os periquitos no ninho esperam,
Gritam a demora do alimento.
De repente, tudo se faz silêncio!
O caboclo, cauteloso, desliza a mão,
Ávida, procurando alcançar os filhotes.
Súbito, uma picada dolorida arrepia-o,
O filho espera seu presente de aniversário!
Surpreso, gotículas de sangue pingando,
Vê, estarrecido, a cabeça da serpente.
Ameaçadora, cruz desenhada na cabeça
Perigo, sinal de que a vida está por um fio.
Morte percorrendo todo o corpo.
Decidido, num gesto de bravura,
Mão sobre o tronco, decepada.
A mata vê o caboclo caminhar firme,
Sem seu troféu, sem a mão!