VISÕES DO OUTRO MUNDO

Tudo acabado.

Termo final

À existência!.

Somente a consciência

Do que fora,

Guarda o espírito,

Em vidas passadas!...

E um dia,

Haverá de recordar

Em hora propicia

Sua passagem pela terra!

Quando do corpo,

Desprende a alma

Que o animava,

E do homem se vão,

Todas as fantasias

E ilusões

Que o prendiam à vida à hora

De à sepultura baixar,

Lembrar-se-á

Que a morte chega de repente,

E tão de repente,

Leva os sonhos da gente!

Quando chegar

0 triste dia

Do meu sepultamento,

E nada mais for urgente,

E perecer

Da vida -- o mistério

Que a envolvia,

E todo ouro

Que na cobiça eu tiver juntado,

Distribuam com os pobres,

Pois para mim, de nada valerá

Rico tesouro ,

E na fria

Catacumba

Que meu corpo acolherá

No vale dos mortos -- o cemitério,

Nem mais um alento,

Um suave soprar

Do vento

Pedirei à campa fria,

Hospedária cruel , insensível

Às dores e prantos,

De toda a gente!

Da penumbra,

Tentarei me mover

Da apertada,

Sombria catacumba,

Antes que os germes ,

"0perarios das carnificinas",

O trabalho fúnebre venham realizar,

No seu mister

De decompositores,

E venham concluir

O serviço funerário : roer

O corpo meu:

A carne vorazmente

Devorar,

Os ossos triturar,

Saciarem-se no sangue do de cujos,

Que de tédio, faleceu!

Na minha partida,

Na sepultura inerte,

Cindida a alma

Do corpo, o invólucro carnal no chão,

Preso ao mortuário caixão ,

Proceder-se-a á a decomposição

Do corpo meu,

E neste contristado momento,

Em que estarei

Entregue aos germes e fungos e bactérias,

Eaos organismos microscópicos

Que incessantemente

Laboram na higidez da morte,

De sorte,

Que nao pederei calma

À sossegada a alma,

Pois deixeirei

Na terra,

Um turbilhão de misérias

Que por lá encerra,

E que em alguns momentos ,

A visita tive!

No Mundo Invisível,

É crível

Que as malevolidades

Humanas nao encontram guarida,

E o desassossego por necessidades

Básicas e bens materias

Nao sobrevive !

Fechada-me a última porta.

Mesmo sabendo

Que nada mais importa,

Digam que amei

E fui amado,

Que na terra ,

Nao me detive

Em deixar

Um legado

De paz e de amor!

E do túmulo, nao permita

Deus que eu assista

Transido de espanto,

Partido de dor,

Às bactérias

Operárias

Das hospedarias sepulcrais,

Realizarem o trabalho fúnebre

De me devorarem os restos mortais .

E essas crudelissimas

Operárias de além-túmulo ,

Na avidez por sangue, ossos e carnes

Putrefatas, me devorarão

Rápida e insaciávelmente,

Numa fome incomensurável:

A tudo devorando velozmente ,

Com exceção,entretanto,

Da consciência ,

Que nao me poderão

Devorar,

Por viva continuar,

Pois morre o corpo.0 espírito sobrevive.