Pele Morta
Enquanto essa melodia monocórdia devora minha humanidade
Eu torço para que se não sair dessa morra logo
Ficarei satisfeita à minha completa irresponsabilidade
De estar em pedaços e estar sendo arrastada para um córrego
Às sombras que consomem meu coração, é irrelevante, dou à vocês pontos finais
Eu sou incapaz de sentir dor
Meu corpo e minha alma estão mortas e por isso eu não os sinto mais
Assim que ignoro e relevo, não sinto mais esse calor
Não me acho mais tão humana, acredito ter perdido a essência principal
Perdi a capacidade de me importar com problemas criados na minha cabeça
Não sei por quanto tempo vou ficar no escuro perfurada num anzol
Mas as minhas lágrimas sempre escorrerão se eu quebrar e não há quem impeça
Nem mesmo a morte é capaz de arrancar de mim
O sentimento perfeito que eu carrego nessa estrada solitária
Ele é um dos motivos pelo qual eu existo, pelo qual eu não chegarei ao fim
Ar puro e único de uma noite sem inspiração literária
Sem nada, sem as exigências da sociedade
Que se danem as responsabilidades essenciais dessa vida
Junto com nossas necessidades mais primordiais e qualquer outra irrealidade
Não há nada que eu precise fazer para viver se aqui eu não quero estar viva
Não me sinto mais, minha pele parece mais mole
Mole como se estivesse inchando para se decompor
Tenho a ilusão de não sentir mais a dor física, mas ignore
Minha pele morta se faz viva pela dor
Tomara que o doce frio de uma névoa dura se aproxime com sua ventania
Me leve para me perder eternamente na grama verde molhada de uma montanha
Para correr pelos riachos e ouvir a floresta em sua sinfonia
Que antes de morrer eu conheça os nórdicos e ao inverno que não se acanha
Todo esse caminho doloroso de arrependimento e culpa eu sei de cor
Enquanto a lua se derrete aos meus pés
Eu quero poder ver esses olhos azuis mais uma vez