Inversão da síntese humana

Casas enormes que erguem-se aos céus

Arranha-céus que penetram na terra

Crescem as cidades,

diminuem as pessoas.

No ar rastejam os vermes,

enquanto aves voam no chão.

Bilhões de pessoas de lata

em um mundo de carne e osso

invertem o centro nervoso

da cidade e do cidadão.

Nas veias da rotina,

cotidiano pulsante,

as badaladas do coração

marcam as horas

como se o tempo fosse importante.

Minha respiração esquisita

lamenta a monotonia

que a cada dia se afia

na obrigação forçada do trabalho.

O cérebro desligado

em cabeças ocas de latas

enfeita-se de pó e teias de aranhas,

pensar não é mais necessário,

em nosso mundo pessoas são máquinas

e máquinas controlam pessoas.

As notícias são filtradas

a gosto dos grandes cifrões.

Movidos à preguiça

tentamos mudar o mundo

Empurrando a responsabilidade do futuro

para as crianças [?]

A goteira de óleo de minhas lágrimas

secam o chão de pele,

caminho com cuidado

para não cair nos poros da incerteza

e me afogar no sangue enferrujado.

Inclino-me sobre os ombros da montanha

e ao ouvido sussurro

os meus anseios e o que almejo

Ouço a voz da montanha

falar dentro de mim:

o medo que te assombra

está na vontade que te impulsiona.

Agora caminho lentamente,

sumindo entre faíscas

das pessoas em atrito

com seus próprios pensamentos.

Diogo Carmona
Enviado por Diogo Carmona em 12/11/2020
Código do texto: T7109940
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