O Vidro
Vivemos em mundos separados
por parede transparente
frente a frente colocados
jamais se tocando eternamente
Tento forçar a travessia
quebrar essa barreira imposta
meu esforço é sem valia
ecos são a única resposta
Ela continua do outro lado
segundo a segundo querendo
destruir esse selo que tem nos separado
que nos aflige e nos faz ficar sofrendo
Seus dedos delicados
continuamente batem o vidro
num esforço exasperado
de querer estar comigo
Nos olhamos com tristeza
sem conseguir nos alcançar
sentindo no tato a aspereza
desse vidro a nos separar
Nossas dimensões paralelas
não podem se amalgar
apenas por simples janela
podemos nos observar
E permanecemos em contemplação
lágrimas de desespero a derramar
nunca encontrando uma opção
que nos permita o outro alcançar
Nosso amor é incomum
nem deveria conosco estar
nunca seremos um
jamais poderemos nos tocar
Mas nossas lágrimas ainda rolam
nosso ser no íntimo arde
aguardando nova aurora
que altere nossa realidade.