Bebe-se o vidro do vinho em taças de nada.
Embargados os gestos repousam agora
em adagas doridas
no sangue das memórias pelágicas.
Nuvens de caruncho engolem a montanha
em orgias de ventos.
A manhã librina e fria chora a demora
da noite incendiada, retesa-se aposta às costas
velhas da cadeira e engole a dor da incerteza
no agridoce toque dos lábios retalhados.
O ventre eclode aprisionado às Brumas de Avalon,
o Mundo nu palmilha a foz do rio.
As correntes rebentam-se da prisão das horas
simuladas em danças de luas cheias
se a neblina dá forma ao dia de ruas esquecidas.
Rasgam-se as entranhas dos sexos e dos seios
na destreza das mãos por acontecer.
Bebe-se o vidro do vinho em taças de nada.
Às águas são por fim a liberdade
da escolha a escorrer dos olhos de uma mulher.