Su tela (pt.1)
Resolvi atirar meu corpo da janela
Quando a existência precipitou na tela.
Tentei pintá-la... ainda inacabada,
Já que no hoje o 'eu' de ontem a roubara.
E com folga o pincel passeia entre ciscos e rabiscos.
Executa semibreves tic tac's.
Num beijo molhado, passeia pelo algodão parindo chuviscos
E sob leves gotículas emerge traços — com o batom perfaz.
Lá fora o amarelo escorre,
Mero caso, o bafo tropical delineia oceanos nos edifícios
O amarelo escorre... atrás do alaranjado o azul corre
Esmaltado em alomorfia e um panorama deságua num infinito sulfite
No ontem o 'eu' de antes dos ontens
Rabiscara por cantos cotidianos
Alguns chuviscos de homens...
Parecia natal!
Esqueci até o sabor de uma xícara de café
De tanto rascunhar prazeres apagados.
O café esfriou,
O 'eu' dos ontens não mais voltou.