Crônica urbana.
Raios de sol invadem o quarto
Anunciando um novo dia.
Ela levanta-se rápido
Sentindo a onda de alegria.
Mas logo sente um tremor,
Precisava de uma nova dose.
Sentia dentro de si uma dor
A ficar cada vez mais forte.
O que era curiosidade inocente
Tornou-se vício de repente
Mostrando sua face crua.
Vestiu-se e saiu pela porta de trás
Deixando na sala seus pais,
E logo ganhando a rua.
Foi então á casa de um amigo
Que morava sozinho e era rico
Na certeza que conseguiria.
Encontrou-o na porta do prédio
Dizendo-se louco de tédio
E com raiva da vida.
Subiram e fizeram uma viagem alucinante
Voando por um continente distante.
E nessa viajem se encontraram,
Se beijaram
Se amaram
E abraçados adormeceram...
Muito tempo depois ela voltou á realidade
E como sempre veio a depressão pós-viagem,
Mas ao menos tinha alguém para amar...
Procurou-o pelo apartamento bem mobiliado
E foi encontrá-lo caído com um olhar vidrado,
Pois a viagem o levou para longe demais...
Sentindo-se desesperadamente sozinha
Caminhou lentamente até a cozinha,
voltando com uma faca na mão.
E no choro convulsivo dos desesperados
Teve seus pulsos cortados
E a sua vida a escorrer pelo chão...
No outro dia o sol invadiu o apartamento
E o silêncio era como um lamento
Dizendo que era dia de luto...