Precita
A minha poesia
se esconde em tudo que inexiste
e manifesta-se do nada que em tudo existe
e ainda insiste
em sempre querer ser nada...
escura
se disfarça
de sombras, cores e sons
e em tudo
que desconheço os nomes....
é a minha fala
pedaços de alma em desassossego
presos à carne quase putrefada
que caminha no sentido avesso
do que se faz ser sentido...
mas nunca são sem sentidos
quimeras
assombros de priscas eras
de tudo que é mal parido...
busco entre elas, um elo
acertos de contas
de infernos e de invernos
que houveram em meus setembros
de tantas não- primaveras...
à vera
a minha poesia
se esconde em tudo que é triste
reflete-se em tudo que no nada existe
e reinsiste
em sempre querer ser nada...
escusa
expressa-se em sentimentos
às dores, à sede e à fome
de revelar madrugadas...