O inverno esfria os ânimos.
Um orvalho lá fora congela solenemente.
O vento uiva feito lobo doente

Visto agasalho, gorro e echarpe,
tento aquecer meu corpo
mas a alma padece do frio da carência
Ausência de humanidade.

Ficamos rijos com o sofrimento.
Rir já não é mais possível.
Achar graça do cotidiano 
não nos parece factível.

Tudo parece ser uma tragédia noir
Que passa num cenário canhestro
Os sujeitos viram objetos.

E, os objetos se subjetivam-se
aleatoriamente.
Tomam conta da paisagem.
E como vassalo em feudo alheio
Laboram para nos ditar as funções
e as regras.


O inverno tolhe as liberdades
Não podemos nos expor ao tempo.
O sol fracote parece caçoar 
de corpos mirrados.
Quando vejo uma criança sentir frio,
treme minha consciência.

Frio, fome e fadiga
São Fs terríveis 
que nenhum ser humano
deveria conhecer...

Mas, o mundo é repleto
de sensações desumanizantes.

Arre. Onde há gente no mundo?
Pessoa, já perguntou.
E, ninguém respondeu.
Talvez, haja alguma
lendo o poema.
Rezando uma prece.

Ou simplesmente,
apreciando o inverno
a esfriar os ânimos...
de uma exaltação poética
qualquer.






 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 31/08/2020
Código do texto: T7051367
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