Peco por mim

Arrepiam-me as carnes, tantas carnes

sob esse brim branco acanhado

cobrindo a minha alma

dada aos solaios doutros olhares

fagulhando tanto

como se sacrossantos

fossem meus desejos

guardados de qualquer medo...

e de si desligados.

Franzo o sobrolho

e ponho a vontade de molho

adoçando as alcaparras dos meus sabores

tão soberanamente dependentes

dos estômagos, que trago tão esfomeados!

Eivadas apenas as intenções ocultas

que nem as citos, já que são como frutas

e assim deixo-as, descacho e não as tiro,

ficam ditas, desditas e repetidas

nos galhos de um sorriso envergonhado.

Minha alma nele acredita

e dá-me ao corpo meu melhor abraço.