Leitura do vento
Trago-te caminhos de sol
pouso minhas asas nas sombras das nuvens
vejo o mar
sinto sua maresia
seu sal
seu gosto
toco na ponta do sol
olho nos olhos da noite
das estrelas
no firmamento negro e turvo
cria-se o vento
forja-se o tempo
navego nos oceanos da alegria
vejo o céu
formo sua eternidade
abro as janelas da vida
fecho as estradas da morte
busco a alma para o corpo
presenteio o coração a vida
faço-te sorrir
faço-te feliz
dou a grandeza da arte
plena
sublime
sutil
jogo aos ventos os espíritos
dantescos das epopeias literais
escrevo versos nos horizontes
escrevo versos
escrevo
sempre escrevo o que sinto
o que penso
o que sei
são leituras utópicas e profanas
são desejos
são pecados
são versos que cravam na pedra
são filosofias:
arte suprema da vida
toco na seiva do prazer
no néctar da existência
na procura do que se busca:
a eternidade
o amago do fogo
crepitando no dolorido da alma
e escrevo
e leio
e copio
e saboreio a leitura cristalizada do vento.
cultivo as flores dos sentimentos
o corpo suave
a alma lavada
os olhos em lágrimas
e as páginas sedentas de poesias
de versos
de sonetos
de encantamentos.