In Surtus Maximus
(Milton Pires)
Censura, noite porrada
na noite negrura. Meu Deus
não existe mais e eu ainda
não sei rezar para os outros.
É bom aprender rápido para
que quando vierem me buscar
minha confissão não seja feita
em Esperanto...Já enchi o saco
disso tudo: se eu tiver que morrer
amanhã, eu antes quero incendiar
alguém, alguma coisa diferente de
mim e que REAJA...que tenha outra
cor de alma e que sexualmente
se reproduza na Deep Web: o
IP do meu filho jamais será
encontrado...rsss…
Cuidado...Cuidado...no silêncio
da noite a Verdade entra na minha
casa vazia chamada consciência!
Alea jacta est! Pulso cada vez mais
fraco, pressões democráticas caindo,
hipóxia constitucional refratária? I
can’t breathe but I can lie, my brother!
O forno crematório me espera! Engraçado:
alguém me pede para tirar minha suástica
do braço e minha camiseta do Che Guevara
antes de entrar no fogo gelado…
Na última vez não foi necessário…
Tomara que a luz
fique a acesa…
Porto Alegre, 3 de janeiro de 2020.