O SONHO KAFKIANO...
 

 Olá amigos, estou reeditando este texto,  por considerá-lo muito parecido com os dias que estamos vivendo, um PESADELO.

Quando eu li o livro de Fanz Kafka,  "A Metamorfose", eu era ainda uma mocinha, e fiquei muito impressionada, e me lembro que tive muitos pesadelos por conta do tema,  pois morro de medo de baratas.

Hoje, a insistência mórbida da imprensa e das pessoas, no assunto pandemia, me fizeram lembrar desse poema surrealista, que escrevi em 2004/05.



A mão macia que escorria dedos
Tocou-me o seio feito de tomate
O velho padre com asas de medo
Me condenou a virar mascate.
E nas andanças pelo mundo cinza,
Peço socorro ao copo de vinho
Tento escapar de uma laranja nua,
Que me persegue cheia de espinhos,
Mostrando os dentes dentro da sopeira,
Que dança valsa no meio da rua.
 
Uma menina que não tem cabeça
Me cumprimenta com aceno breve,
Subo correndo os degraus que descem,
Da cachoeira do rio de neve.
Tento falar, mas ninguém me escuta,
Grito um suspiro com som de sorvete
Alguém me acuda, pois eu me derreto,
Ninguém me ouve, vou fugir sonhando,
Nas asas brancas de um gato azul,
Meu travesseiro é uma andorinha,
Que voa em “S” em direção do Sul.
 
Tento acordar, mas não é a hora,
A cama rosa me abraça agora,
A orquídea lâmpada grudada no teto,
Pisca-me o olho de vidro amarelo,
E um homem grávido segurando o feto,
Nada nas ondas da placenta aberta.
O velho padre com asas de medo,
Sorri aos corvos e conta um segredo.
 
 
A fria água do rio Avalon,
Banha a menina que não tem cabeça,
Que espirra cravos pelas axilas,
E come sardinha na ponta do dedo.
As andorinhas de pernas de aço,

Voam em volta da estranha menina,
O gato azul lhe dá um abraço,
A bruma chega e o sonho termina.
 

 
 
(Hull de La Fuente)
Brasília, 2005
 

 



O querido poeta e mestre Jacó Filho, deixou-me sua participação que publico com prazer.

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07/06/2020 09:52 - Jacó Filho

METAMORFOSE

Mais uma vez, postos à prova,
Esquecidos de fatos do passado,
Tentamos achar apenas culpados,
A quem imputaríamos, pelas covas,
Medidas punitivas sem resultados.
Oremos pelo próximo e nossa alma,
Rogando ao criador por sua piedade.
Façamos de conta que a humanidade,
Ora em diante há de ter capacidade,
Sendo solidária, ame sem ressalvas,
Enquanto evolui rumo a eternidade...

Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...



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Com prazer, registro a bela interação da poetisa Maria Augusta da Silva Caliari, obrigada moça querida, seu soneto é um grito da alma. o grito que está na garganta de todos que abobinam a crueldade do militares comunistas, da China.


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19/06/2020 18:04 - Maria Augusta da Silva Caliari

Li e reli, menina poetisa.Achei especialmente digno da minha interação se aceitares. Um pobre soneto mas, nascido do coração.Belo anoitecer,minha amada!

Soneto do Coração 

Esboços de sorrisos disfarçados
Junto de existente tristeza
 A dor da Alma camuflam
Com desejo de desistir engasgados!

Alastra-se essa doença maldita
Perguntas vem sem resposta
Do inocente pergunta que agita
Alma registra o que não gosta.

Preces inaudíveis até ao escurecer
Ressoam da pequenez que agora grita
Revoltas angustiantes nascem sem querer
.
Forças estranhas invadem nosso ser
Nosso corpo privado não se agita
Deus nos proteja com vontade de viver.