TARJA PRETA
Da-me a dose diária
Dois dedos de água benta
Conta-gotas paulatino
Vida expressa
Morte lenta
Santa ou vil é a mão que rouba
O suor lava a fronte
Ao comer se faz faminta
Bebendo não fica tonta
Sangue desce pelo ralo
Suor escorre dos montes
Vestida mostra o pecado
Nua apenas desaponta.
Destrava a língua
Me suga
Me faz teu rinoceronte
Joga a toalha e luta
Surra o rio
Ainda há água
A correr sob essa ponte.