''Suicídio''

Salve , salve , poetas resistentes !

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Somos tudo , mas somente o que somos ...

''Suicídio''

''o pensamento não cala e as palavras não falam ... é tão grande essa vontade !

esse desejo que alimento à cada dia do meu jeito ...

péssimo jardim de venenosas intenções

tuas coloridas flores , cada uma , é ilusão !

há uma despedida em cada passo ...

pra que doar , se os meus órgãos eu já usei ?

meu coração não tem valor , despedaçou

já se desfez !

lancem terra nesse corpo , pois pra mim é atestado de loucura !

sou hipócrita criatura ... tanta dor , tanta amargura , não aguento essa aventura !

pra onde foi a minha essência , pra onde foi minha ternura ?

me perdi , não tenho cura ...

falsa é a estação , já não tenho o teu perdão

ó Deus distante

minha vida evaporou , sou refém de falso amor ... ó inferno desejável , eu já sinto o teu vapor !

foi tudo em vão , não tenho paz , não tenho fé

não sei se sou , nem sei se é ...

o eterno é pouco pra quem vive cego e louco !

me despeço como o vento , lanço fora o que me resta ...

a existência calou , devolvo a vida , é terrível a dor dessa ferida !

já não suporto essa canção , é fim de festa

são estúpidos os animais dessa floresta !

é sem sentido , é sem razão , essa ração de todo dia !

a carne está ligada a alma ...

pra alguns , não tem inferno e não tem céu , a vida é fel

amiga morte , estado de completa inconsciência ...

eu serei o que já fui , quando não era antes de mim ! te espero ainda ...

suicídio ... idéia ventilada em momentos obscuros

coragem é pouco pra tamanho absurdo ...

quem me dera a utilização de tal recurso !

é vento escuro que passou , te guardo amigo ...

esqueço tudo desse amor , e esse ódio , já não sinto , inútil agora é a dor desse desejo ...

de graça entrego o que não sou , à quem me deu essa existência insuportável e sem valor !

é de bom grado que me entrego e que me dou ...

eterno amor ! tiro de vez a fantasia , esqueço o ato , abandono eternamente esse teatro !

já não recolho os meus pedaços ...

no teu abraço ó morte amada , fecho as cortinas , esqueço as cenas ...

e assim , antecipo a minha pena !

hoje eu passei , não mais estou ... não negocio o meu orgasmo , o meu amor !!''

Ahnraffael (RICARDO PORTELA)

Santa Inês MA

Ahnraffael (Ricardo Portela)
Enviado por Ahnraffael (Ricardo Portela) em 27/04/2020
Reeditado em 17/10/2023
Código do texto: T6930003
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