Peço perdão
Pelos “ais” e gemidos que fingi
Pelas formigas que pisei e não vi
Para os galhos que quebrei para seguir
Pelas pedras que catei e levo comigo
Pelos braços teus que fiz meu abrigo
Por não estar dividindo mais contigo
Perdão...
Por tantas palavras coletadas e gravadas
Pelas noites mal dormidas e engavetadas
Pelas minhas portas agora trancadas
Por não entender teu jeito displicente
Pela impaciência por carinhos diligentes
Por esse andar tão distante entre a gente
Perdão...
Mas vou seguir sozinha por enquanto
Pelo caminho que tracei e nem sei tanto
Enxugando com o sol meu exposto pranto
Por opção te deixo ir e sinto tanto
Por tanto carinho que um dia me foi manto
Perdão...
Mas não posso ficar mais a sentir
O que está crescendo e o porvir
Vai com certeza dilacerar nosso ser
Preciso me afastar enquanto posso
Desconstruir o que teima em erguer
Siga teu caminho e deixe o destino
O mesmo que te trouxe até aqui
Te embarcar nos sonhos teus
Siga em outro barco meu amigo
Pois os teus sonhos não são os meus