A SÍNDROME DE POTEMKIN

“Tordesilhas nunca mais”

Há em todo o ser humano procelas e marés

Nas quais se moldam as justas Identidades,

Algumas se destacam pelas suas qualidades

Enquanto outras nunca passam do convés…

Os mares são diversos, porém as águas não,

O mundo é imenso e largos são os horizontes,

Mas os navios, todavia, são frágeis pontes

E é por eles que vai singrando a navegação.

Diz o povo que há mais marés que marinheiros,

E, entre os marinheiros, uns bons e outros maus;

Uns, limitam-se a navegar por simples vaus

E outros, em águas fundas, logram ser primeiros.

São estes, pois, os verdadeiros maiorais,

À imitação do líder Príncipe Potemkin:

Donald Trump, Xi Jinping e o intocável Putin,

Tentam qu´ o seu Poder cresça cada vez mais.

Como quem não quer a coisa, mas sempre querendo,

Por estar aí o grande Projecto que têm na mão:

Conseguir dum só golpe, tal como o vil leão

Por entre fracos serem fortes e… ir vencendo!

Os três Colossos ostentam poder descomunal

Pelo controle das riquezas e das influências,

Escondendo, porém, misérias e dolências

Com que castigam o Povo de forma habitual.

Foi poderosa, e notável, a Grande Catarina

Que, perante os seus súbditos, fez maravilhas

Sem precisar de cortar como em Tordesilhas,

Unida a Potemkin, no seu trono de Czarina.

Uma só Mulher, em seu seguro Couraçado,

Traçou com rigidez a aura de um Império.

E hoje os actuais Colossos, sem nenhum critério,

Confrontam-se entre si num miserando fado.

É desta forma que sobrevive a Humanidade,

Sujeita a três impérios muito esfrangalhados,

Estruturada em seres humanos escravizados,

Lutando pelo Sonho da sua Liberdade!

Ai dos Povos ou Países onde não há Pão

E onde escasseia por demais a incultura,

Os seus Direitos, sonegados qual tortura,

São a imagem de marca da Globalização…

Os três Maiorais, que nos saíram na roleta

Cuja avidez é a mesma, são talvez a nossa sorte

Porque, entre si, vão-se apoucando até à morte

E já se vai escutando o toque da Trombeta…

Os riscos e os Sinais são mais que evidentes –

Síndrome de Potemkin, como frágil memória –

Mas significativa pelo registar da História

E consciencialização das nossas próprias mentes!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/04/2020
Reeditado em 16/04/2020
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