Reencarnação
Grãos de areia
Numa ampulheta
Eis a definição da nossa vida
Que tanto custa a ser compreendida
Pois pensamos demasiado
E a minha areia vai-se esgotando
Somos partículas finas
Representamos memórias
Emoções
Amores e desilusões
Somos como átomos
Procuramos nos afastar
Do aglomerado para o vazio
Do urbano para o baldio
Sinto-me frio
Resta-me pouca areia...
Antes que me escorra,
Sempre me perguntei
Quando o último grão de mim
Passar pelo estreito de vidro
Quando me esquecerei de tudo
E nada mais sinto
Quando serei nada mais senão
Um monte de areia
Que passou pelo canal da vida
Encontrando, por fim, a sua jazida
Quem é que vira as ampulhetas ao contrário
E qual é o seu salário?