Ecos - Verdades às Avessas - LXXX
... haverá um tempo
em que o próprio silêncio
se calará
e não nos haverá
mais esperança
de que um riso
possa ecoar
de um boneco
de pano,
haverá um tempo
em que a saudade
será muda e as
dores de outrora
não terão mais
força para ressoar
em telhados de
porcelana;
haverá um tempo
em que nossos verbos
escorrerão pelas
fendas soturnas
de nossos abismos,
então, eu e você
emudecidos abraçaremos
uma pedra calada
nessa vida descaradamente
remendada com curativos.