DIAS DE TRANSPOSIÇÕES

O mar e o mal e o mas.

Canal remar à quinta

De Mahler: Gôndolas, Veneza.

Lamúrias, toda perda de paz,

Monstro de mil pés se requinta

No fustigar de minhas tristezas.

Tomado pel'alma de Thomas Mann

Minha vida montanha mágica

Longe de ter aquele fausto -

Cinzeiro atulhado de Rothmann

Nesta solidão autofágica

Com o amargor de todo claustro.

Não houve Tádzio mas a peste;

Não há Itália ou Mediterrâneo,

Mas Mahler canta no aparelho

E o som sinfônico me reinveste

De saudade e dor no crânio

Neste crepuscular Sol vermelho.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 02/04/2020
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