ERA UM SONHO

Na manhã do primeiro dia da semana

João encontrava-se junto da mangueira da velha Minga

Enfurecido com o suposto rival, pelo sarcástico tratamento

Perdendo grande parte do tempo, o que lhe valera o despedimento do serviço

Motivo que o levou a amarrar uma corda na árvore

Permitindo que se enforcasse.

Pela insuportável dor e últimos suspiros procurou alcançar uma lâmina

Para livrar-se da terrível situação e quanto menos esperava

Despertou e percebeu que era um sonho.

Então ficou triste consigo mesmo

Pós-se a partir tudo que havia no quarto

Com medo de que a situação se repetisse

Amarfanhou a esposa, mas chegou a perceber que era um sonho.

Então decidiu não dormir mais

Vagueou pelas ruas do vilarejo até amanhecer

Contou tudo que vivera aos amigos e vizinhos

À esposa e colegas de serviço e depois de estar calmo

Sentou-se para reflectir sobre os sonhos

E logo percebeu que continuava a ser um sonho.

Amanheceu realmente e pós-se a caminho do serviço

Ciente de que nada similar haveria de acontecer mais

Pois o dia era longo e teria de fazer horas-extra

O que lhe permitiu granjear de ajuda para as suas bodas de prata

E no final concluiu que continuava sonhando.

Então decidiu continuar a dormir para que o sonho se prolongasse

Ficou com insónia e ingeriu fármacos indutores de sono

Mas ainda assim não se concretizou a pretensão

E quanto menos esperava o sono embalara-se, a festa reiniciara

Mas tudo não passava de um sonho.