TEMPO DE PROVAÇÃO
“Nos rebordos da virulência”
Nos rebordos da virulência
Pende a minha lamentação
Sobrevoando a resiliência
De um tempo de provação.
A minha lira está chorando
Por escassear a paciência,
E o meu tempo deambulando
Nos rebordos da virulência.
Em morada onde não há paz
Nem sossego, nem afeição,
De um suspiro bem contumaz
Pende a minha lamentação.
Anda o p´ rigo de rua em rua
Numa brisa de emergência
Ninguém abre, ninguém actua
Sobrevoando a resiliência.
Este é o trauma do vil decreto,
Que vai durando co´ emoção,
Pelo estigma indiscreto
Dum tempo de provação.
Sofro eu, sofres tu ou ele,
Sofremos nós, ou vós ou eles,
Cada um sente na sua pele
Tudo o que há de triste e reles.
É bom sentir-se a liberdade
Das nossas ingénuas ideias
Mas é cruel, à saciedade,
Topá-las envoltas de peias.
Do outro lado da avenida
Vêem-se rostos angustiados
Num estreito beco sem saída
Nem uma luz para os seus fados…
Ai das vidas sem um sentido
E ai das mentes paralisadas,
Sem espaço pro tempo perdido
Com moinhos de águas paradas.
Neste tempo de provação
Temos todos os nossos limites
Remova-se a vácua inacção:
Sursum corda e ficamos quites!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM