TEMPO DE PROVAÇÃO

“Nos rebordos da virulência”

Nos rebordos da virulência

Pende a minha lamentação

Sobrevoando a resiliência

De um tempo de provação.

A minha lira está chorando

Por escassear a paciência,

E o meu tempo deambulando

Nos rebordos da virulência.

Em morada onde não há paz

Nem sossego, nem afeição,

De um suspiro bem contumaz

Pende a minha lamentação.

Anda o p´ rigo de rua em rua

Numa brisa de emergência

Ninguém abre, ninguém actua

Sobrevoando a resiliência.

Este é o trauma do vil decreto,

Que vai durando co´ emoção,

Pelo estigma indiscreto

Dum tempo de provação.

Sofro eu, sofres tu ou ele,

Sofremos nós, ou vós ou eles,

Cada um sente na sua pele

Tudo o que há de triste e reles.

É bom sentir-se a liberdade

Das nossas ingénuas ideias

Mas é cruel, à saciedade,

Topá-las envoltas de peias.

Do outro lado da avenida

Vêem-se rostos angustiados

Num estreito beco sem saída

Nem uma luz para os seus fados…

Ai das vidas sem um sentido

E ai das mentes paralisadas,

Sem espaço pro tempo perdido

Com moinhos de águas paradas.

Neste tempo de provação

Temos todos os nossos limites

Remova-se a vácua inacção:

Sursum corda e ficamos quites!

Frassino Machado

In INSTÂNCIAS DE MIM

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 31/03/2020
Reeditado em 31/03/2020
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