O PERNICIOSO
“Acerca do Covid-19”
Circula um «vírus pernicioso»,
Anda por aí de rua em rua,
Impõe-se ser-se cuidadoso
Desde esta Terra até à Lua.
Vindo do Império do Meio
Vai-se espalhando malicioso
E, num aspecto muito feio,
Circula um «vírus pernicioso».
Dizem qu´ a fonte é o morcego,
Que silenciosamente actua,
Parece ter olhos mas é cego,
Anda por aí de rua em rua.
Ele ataca com virulência,
Não olha a meios e é danoso,
Daí que, com toda a resiliência,
Impõe-se ser-se cuidadoso.
Anda mesmo por todo o lado,
É uma realidade nua e crua,
Não se sabe s´ é azar ou fado
Desde esta Terra até à Lua.
Dizem também que veio da cobra,
Qu´ o gerou por mera vingança,
Vai matando gente de sobra
Desequilibrando a balança.
Se foi morcego, cobra ou rato,
Ninguém o sabe por direito
Mas, qual manjar de três ao prato,
Há quem deste mal tire proveito:
Aproveitam-se os reles agiotas,
Que chafurdam nas águas turvas,
À pobreza escancaram as portas
E nem precisam de usar luvas;
Aproveitam-se os exploradores,
Negros lucros de envergonhar,
Insensíveis às humanas dores
Sabendo eles qu´ estão a matar;
Aproveitam-se os vis corruptos,
Quais aprendizes de feiticeiro,
Sacam patrimónios impolutos
Prestando culto ao Rei-dinheiro;
Aproveitam-se os governantes
Neste desconcerto p´ la saúde,
Passam lixívia ao que era antes
Entoando salmos à virtude;
Aproveitam-se os clericais
Apelando pra cidadania,
Quais Pilatos não fazem demais
Lavando as mãos na hipocrisia;
A Sacrossanta Instituição
À prevenção está atenta:
Serventia de mão para mão,
Sem beijos, abraços e água-benta;
E aproveitam-se os vigaristas,
Que pululam como vampiros,
Estes, sim, sem darem nas vistas,
São piores que todos os vírus.
Chamam-lhe Covide Dezanove –
Entre a realidade e a ficção –
Não há uma verdade qu´ o prove:
Os males da mente são o que são…
- Ai “Pernicioso” das Sete Dores,
Se tu és cego, surdo e mudo,
Vai-te prós quintos dos ardores
E traz-nos Luz qu´ ilumine tudo.
Enquanto houver homens na terra
Muitos Covides aparecerão…
Vazias almas geram a guerra
E, desta guerra, a frustração!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA