Homens e Planetas



No princípio eram apenas essências,
fluidos que vagavam pelo espaço infinito.
Mas atuou o destino do acaso
e da colisão surgiu o encontro
que produziu um novo ser,
Um produto composto das duas essências
que antes existiam apenas como unitárias.
Assim onde antes supunha-se ser o nada,
onde tinha-se a impressão de ser apenas vácuo,
Criou-se algo, de início muito confuso,
difícil de visualizar, já que ainda não surgirá as cores puras.
Havia um mesclar contínuo, belo porém indefinido,
foi na organização natural que surgiram os tons,
Por definirem-se passaram a constituir uma idéia
de forma constituindo a partir disto uma imagem.
Antes meros agregados de energias,
pouco a pouco foram ficando densos
definindo as linhas de um corpo.
Este que de início era muito simples ,
foi com o passar do tempo
tornando-se cada vez mais complexo.
Na origem desta complexidade
havia uma polarização embrionária,
duas vertentes que atraiam-se.
E foi assim que o antes ilimitado
passou a ganhar fronteiras,
escravizando-se aos limites da forma.
O tempo passou, cresceu cada vez em maior grau a densidade
e o antes etéreo foi ganhando solidez.
Neste processo de solidificação a essência original
foi ficando distante, perdida no longínquo passado.
E foi assim que a matéria
que era apenas conseqüência tornou-se o objetivo,
esquecendo-se a sua causa.
Invertido o impulso evolutivo
criou-se o apego e sua filha a posse,
de pequenos grupos a grandes sociedades.
Generalizou-se o conflito competitivo,
criou-se imensas muralhas
entre a sua origem comum e os seres.
Originários do mesmo nascimento,
escravizaram-se nas individualidades
esquecendo dos laços coletivos.
Hoje o que antes era proximidade natural
tornou-se imensa distância, um espaço intransponível.
O mundo externo preponderou de forma esmagadora
sobre o mundo interior que vinculava os seres.
Nas noites da história humana,
criaram as grandes mistificações,
engendraram os profundos enganos.
Na ignorância que é mãe da brutalidade
e da agressividade retalharam a herança original pela força.
E criaram a causa das guerras,
a semente que gerou os destinos dos contínuos confrontos.
É uma corrida pelas armas,
é o poder da capacidade de destruir
em confronto ao construir da origem.
Descobriram as forças que integram a matéria,
para gerar o seu rompimento perverso
visando a desintegração.
Arrogantes descobridores das tecnologias
que já existem desde o princípio do universo,
Tocam nos limiares da criação divina
como grosseiros invasores,
piratas e saqueadores do alheio.
Orgulhosos e vaidosos da própria estupidez
imagem semi deuses a brincar com o que não dominam.
É neste iludir sem fim
que logo a distância entre planetas
será inferior a existente entre dois homens.
É no seu ímpeto de dividir,
no seu instinto de individualizar,
que surgiram infinitos os pontos de vistas.
Sem critérios, senão a conveniência e o interesse,
haverão impérios de meias verdades,
reinados de mentiras.
E assim será pois nos princípios de causa e efeito,
começo, meio e fim, existiram até esgotarem-se.
De modo que dia haverá que o dividir atingirá o seu limite
e se contraporá a força matriz que agrega.
E deste confronto surgirá o impulso diretor
que há de levar a destruição ou ao construir.
Eliminando as virtuais contradições da efemeridade,
prevalecendo a harmonia da eternidade
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/02/2020
Reeditado em 25/02/2020
Código do texto: T6873592
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