Esquinas e Becos
Becos escuros,
marginais viventes
do relevo urbano.
Paredes que impedem
o caminho, muralha ocasional.
A boca, uma garganta
e o horizonte foi deglutido.
Cercado, cerceado de movimento,
sedimentado ao solo.
Aversão à vida,
toda uma apatia
que apaga o psiquismo.
E o brilho vai-se
para deixar
que tudo ganhe tons opacos.
A morbidez
que mata aos poucos,
que abate os sonhos.
E a chama do desejo esgota-se,
criando grande frieza.
E o frágil cristal
da personalidade
quebra-se em pedaços.
Um objeto atirado
com velocidade
contra a dura parede.
E este quebra-se todo,
enquanto
a parede fica indiferente,
como que a desprezar
o ato ínútil.