Belo pássaro
Belo pássaro
Que mora na gaiola
Ainda canta
Apesar de sua desgraça
Sente a brisa
Que entra pela fresta
Em um pequeno espaço
Sua vida é uma festa
Acolhido nos braços
Do uivo cauteloso
Que sobre os montes
Sussurra gostoso
Tocando as penas
Das suas asas
O frio lhe atinge
No peito a nata
Lhe cobre a couraça
Lhe trancam as portas
Seu vôo é curto
Sua vida contorna
Entre as doses
De pílulas rosadas
O ontem relembra
Sua asa quebrada
Pássaro ferido
Abraçado pelo sol
Que aponta
No horizonte
Trazido por séculos
De noites escuras
Carrega nos olhos
O beijo da lua