Penso às vezes com parcimónia
penso às vezes com parcimónia na possibilidade futura
essa arte de pensar a linha recta de uma geografia
uma vã e fútil da consciência de nós próprios
não há nada que nos emocione mais que pensar
pensar sem saber no que os outros pensam
daquilo que fomos e nos mostramos
há uma dimensão falsa de alma querendo corpo
e há talvez outras dimensões onde vivemos outras coisas, coisas desiguais tão iguais aos outros que somos
apraz-me às vezes deixar de pensar
de possuir o mundo pela meditação do inútil
dessa imaginação fálica com que perscruto a feminilidade
da vã existência,
numa busca pela multiplicação
da sobrevivência da humanidade tão egoisticamente
prazerosa ao individualismo do homem…
às vezes penso com parcimónia,
neste pensamento que desgasta
e que nada me vale a vida a não ser por morte…
Alberto Cuddel
10/02/2020
12:15
In: Nova poesia de um poeta velho