DE HAMLET A GODOT
“O regresso a Elsinore”
Na orla da memória de qu´ Hamlet se vestiu
Vislumbram-se suspeitos traços de Elsinore
E, entre eles, o elo duma espera que floriu
No mistério de Godot, naquela força maior
Duma peça teatral feita de águas paradas
Onde a infeliz Ofélia jaz d´ asas cortadas…
Na memória de Shakespeare, ampla de sentido,
Fica apenas aquele lugar de expectativa
Na angústia da vingança p´ lo tempo perdido
Sem qu´ outro tempo compense a moral esquiva.
Que o diga Beckett profetizando hábil peça
Em que Úrsula propõe, por bem, outra promessa…
É a hora das palavras – a hora do diálogo… –
A hora de noa das trevas que Hamlet impôs
De que o próprio Godot irá fazer o jogo
P´ lo ilusório mistério qu´ a aura contrapôs.
Que frutos de Elsinore na mala das Sete Vidas?
Silêncios e paixões desfeitas, folhas caídas?
Mais há-de perguntar a criança ao surdo Brexit:
Qual será a sentença justa… come in or come out?
E o Eco calar-se-á pois que ele… é um mudo Exit…
Escolher agora? Pois… aí está Aquilo qu´ é louco!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA