POR ONDE NO TEMPO ANDAREI

Por onde no tempo andará

Quem habitava meu peito

Brincava, tropeçava, caía

O outro gritava Bem-feito

Tudo era bom, a despeito

do tempo sem tempo vazio

Bolo, bala, doce confeito

O Futuro era um terreno Baldio

Brincar era o nosso conceito

Tudo era mais do nosso jeito

O passado que nos regia então

Era o pretérito mais que perfeito

Onde de mim se esconde

A criança que no tempo

Olha-me atenta aonde vou

Cérebro, não sei quem sou

Sabe-me meu íntimo coração

A você entrego meu destino

a caixa de lego, meu desatino

Voa, voa, voadores de algodão

Bom agouros das belas flores

Zum, besouros , bolas de sabão

Traga a caixa lápis de cores

Toma meus desejos insatisfeitos

O pesadelo de tornar-me adulto

e tomar o dia como se me impõem

A cica alheia e seus preconceitos

Dogmas e Pretéritos imperfeitos

Não sei porque então se cresce

Nem tudo é como se nos apetece

A criança cresce, o ego esquece

Que tudo é bem mais simples

do que se nos sempre Parece

Se no tabuleiro agora é xeque

o medo parece que não se acua

Porém o tempo todo, a vez é sua

Um, dois, três, relaxa moleque

lúdico como uma boa brincadeira

Menino se esconde, eu lhe acho

Você não me pega; eu me abaixo

Não adianta, eu lhe vejo diacho

O tempo é um terreno vazio