Fire mind

Na noite anterior a batalha

o clã reunia-se à beira da fogueira

chairando suas espadas com pedras toscas

com olhar profundo ao longe

com lembranças do castelo que ficou pra trás

Com honra e determinação o nobre guerreiro

enfrentando feitiços que lhe atordoam a alma

quase vendida outrora aos demônios internos

por bicos famintos de corvos algozes

defende os olhos cegos de pesadelos sufocados

na névoa densa da floresta preta.

Úmido encontra-se seu corpo

o sangue ferve transbordando em raiva

armadura cinchada ao peito

torna-se troglodita de sentimentos

é inevitável a batalha sangrenta

com o cão ao lado do cavalo

invade sedento o tapete verde

de onde nunca gostaria de sair vivo

cavalo içado pela bandeira do inimigo

cai no meio da lama sangrada

quando ouve gritos de goelas insanas

e todos os sons que o inferno pode produzir

sangue morno na borda da ferida do corte profundo

elmo coiceado pela fúria de um cajado enérgico

voa com dentes e sangue nos ventos do norte

por segundos não sabe o que houve

até entrar em ação os caninos de seu cão feroz

abaloado por um golpe mortal

cai de joelhos e desfalece.

Aos sonhos vem numa cavalgada mansa

nas estepes de Varrala com campos verdejantes

onde o lírio floresce e se esquenta aos raios do sol

moedas de ouro jogadas ao vento junto ao esquecimento.

Guerreiros internos amansados por uma poção de veneno

que envenena a bruxa louca dos campos vermelhos

dando compaixão a mutilados de desejos

por um reinado imaginário aos homens de pura bravura.

Elmo amassado, espada enferrujada, armadura sem brilho

a volta do homem e seu cavalo

a procura de um celeiro para repousar suas tristezas

desencilhar-se de seu passado caótico

e trancafiar sua indumentária sentimental

no mais nobre baú de carvalho.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 06/11/2005
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T68001