Fire mind
Na noite anterior a batalha
o clã reunia-se à beira da fogueira
chairando suas espadas com pedras toscas
com olhar profundo ao longe
com lembranças do castelo que ficou pra trás
Com honra e determinação o nobre guerreiro
enfrentando feitiços que lhe atordoam a alma
quase vendida outrora aos demônios internos
por bicos famintos de corvos algozes
defende os olhos cegos de pesadelos sufocados
na névoa densa da floresta preta.
Úmido encontra-se seu corpo
o sangue ferve transbordando em raiva
armadura cinchada ao peito
torna-se troglodita de sentimentos
é inevitável a batalha sangrenta
com o cão ao lado do cavalo
invade sedento o tapete verde
de onde nunca gostaria de sair vivo
cavalo içado pela bandeira do inimigo
cai no meio da lama sangrada
quando ouve gritos de goelas insanas
e todos os sons que o inferno pode produzir
sangue morno na borda da ferida do corte profundo
elmo coiceado pela fúria de um cajado enérgico
voa com dentes e sangue nos ventos do norte
por segundos não sabe o que houve
até entrar em ação os caninos de seu cão feroz
abaloado por um golpe mortal
cai de joelhos e desfalece.
Aos sonhos vem numa cavalgada mansa
nas estepes de Varrala com campos verdejantes
onde o lírio floresce e se esquenta aos raios do sol
moedas de ouro jogadas ao vento junto ao esquecimento.
Guerreiros internos amansados por uma poção de veneno
que envenena a bruxa louca dos campos vermelhos
dando compaixão a mutilados de desejos
por um reinado imaginário aos homens de pura bravura.
Elmo amassado, espada enferrujada, armadura sem brilho
a volta do homem e seu cavalo
a procura de um celeiro para repousar suas tristezas
desencilhar-se de seu passado caótico
e trancafiar sua indumentária sentimental
no mais nobre baú de carvalho.