Paixão absurda

Como posso me encantar assim?

De que filme te tirei

O que fizeste em mim?

Cada letra tua me veste a alma

Cada verso teu me encharca o corpo

Cada estrofe tua minha boca cala

Um arrepio sem controle me invade

Um desejo indecifrável me denuncia

E todo teu amor me despe

Você me inventa com tua inspiração

E eu louca e desvairada me torno musa

Quisera não ter esse exato coração

Minha existência leve, soturna e gélida

Para viver já nem tinha razão

Para que fui ler tuas poesias?

Agora enraizadas em mim

Elas me abraçam serenas e calmas

Enquanto eu minto num grito sem fim

Que sou tua inspiração, teu sonho

E só assim minhas noites são reais

Me enganando, recortando, dilacerando

Me entrego e me resumo nos versos que leio

Para que meu corpo, pequeno e roto durma em paz.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 13/11/2019
Reeditado em 13/11/2019
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