O mundo que ela sonha
A garota do vestido preto
De alças cruzadas nas costas,
Usa, agora, um vestido ciano
Na altura dos joelhos,
De alcinha fina nos ombros e decote de coração.
Em seus pés
Sapatilhas na cor do vestido,
Com lacinhos nas pontas dos pés.
Caminhava por uma trilha de terra batida
Ladeada por pedras,
Como as beiras de um riacho.
Quando falam em sonho
Essa garota pensa num mundo
Totalmente diferente e incrível!
E agora ela está sonhando.
Sonha com um mundo
Onde as plantas são estranhas,
As flores tem mais cores do que se pode contar
E as frutas são tão doces que falta açúcar na cana
Ou tão amargas quanto café sem açúcar.
Um mundo de grama tão verde que parece falsa
De nuvens coloridas com cores em tom pastel.
Um mundo de seres fantásticos!
Fadas pequeninas e delicadas,
Com asas púrpura de libélula;
Elfos altos e arrogantes,
Que vivem em seus mundinhos
E são bons em arco e flecha;
Gnomos baixos e feios,
Que esperam pela distração da garota
Para roubar-lhe os sapatos;
Anões de ombros largos e humor difícil,
Que se tornam amigos fiéis e inseparáveis;
Lindas ninfas que nadam graciosas
Nos riachos das montanhas,
Veem o futuro
E dão presentes aos heróis.
E tantas outras criaturas
Que a garota sonhou...
A garota percebeu suas roupas e suas cores.
Cores que a faziam sentir-se uma ninfa,
Que nada rápido e sobe o rio,
Que descansa sobre a rocha
E brinca de pular na cachoeira.
Um rio de água gelada e cristalina
Povoado por peixes e tartarugas
E, é claro, por Ninfas D’água.
Para de andar e fecha os olhos,
Um sorriso doce surgindo nos lábios,
Para imaginar como seria a sensação
De nadar rápido como uma ninfa,
Subindo o rio e a cachoeira,
O rosto indo veloz
Contra aquela água gelada e refrescante
Um sorriso enorme no rosto
Enquanto se diverte ganhando dela.
Imagina como seria
Quando se jogasse lá de cima
E mergulhasse de ponta no rio.
Abriu os olhos e perguntou-se em voz alta
“O que será que elas comem?”
“Será que verei uma?”
Anima-se, sorridente.
Mas quando volta a caminhar,
Cheia de esperanças,
Aquele toque chato a tira de seu sonho.
Era seu despertador.
Acordando-a para mais uma manhã.
Trazendo-a para o mundo “real”.