A DESPROPÓSITO

Não raras vezes,

Depois de uma raiz

Fixada,

De uma ideia

Animada,

E de a palavra

Consolidada,

Quedo-me a contemplar o papel

Onde acabara de deixar a pele...

Mas, não raras vezes,

Acabo por concluir que, o único poema imaculado,

Fora aquela folha de papel, quando em branco,

E que eu violara ao conspurcar

Com umas quantas palavras

despropositadas.

Não raras vezes,

Quando alguma ideia se insinua,

Prefiro escrever em guardanapos usados,

Ou em papel higiénico reciclado:

Posso assim dar-me ao luxo

De colocar com todo o propósito,

O nu lixo

No lixo.

18.05.2016, AdolFo Dias

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 06/11/2019
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