A DESPROPÓSITO
Não raras vezes,
Depois de uma raiz
Fixada,
De uma ideia
Animada,
E de a palavra
Consolidada,
Quedo-me a contemplar o papel
Onde acabara de deixar a pele...
Mas, não raras vezes,
Acabo por concluir que, o único poema imaculado,
Fora aquela folha de papel, quando em branco,
E que eu violara ao conspurcar
Com umas quantas palavras
despropositadas.
Não raras vezes,
Quando alguma ideia se insinua,
Prefiro escrever em guardanapos usados,
Ou em papel higiénico reciclado:
Posso assim dar-me ao luxo
De colocar com todo o propósito,
O nu lixo
No lixo.
18.05.2016, AdolFo Dias