A certeza me cegava.
A certeza me cegava
Por: Guido Campos
Eu estava com os olhos abertos, porém não enxergava o que me cegava.
As curvas eram retas, o redondo estava quadrado, o céu era um lugar onde os humanos pisavam.
A certeza me cegava...
As vacas iam até as flores sugar o seu mel, as abelhas pastavam pelos campos.
O mar estava asfaltado e havia largas avenidas.
E pela avenida Paulista os barcos se esbarravam.
A certeza me cegava...
Os braços parados nada produziam.
As mãos que não ajudavam se enferrujaram.
A amizade era feita com cobras, e o abraço matava.
O trago era de morte e a dose era suicida.
A certeza me cegava...
Cegou a ponto do dia ser noite, o sol ser negro, o ar ser hidrogênio, e a chuva ser metano.
A certeza me cegava.