MIRTES E A SEMENTE DO FALSÁRIO
Há uma nova garota!
Ela estava quente e ferve
delírios por dentro da alma.
Seus pais morreram
quando ela visitou a lua.
Foi batizada no beco
escuro por homens da rua,
onde a dança tem filmes
que passam nas telas
de um muro esquecido
com desenhos do rancor
profundo criado sem família.
Foi chamada de Santa
pelos crentes do templo
que guardavam ainda
uma dose de sarcasmo
atrás do palco , atrás do
bispo que sorria desejando
tê-la como esposa do crime.
- Teu sangue dará fome
aos abutres dos cordeiros
quero trazê-los ao encanto
dos servos, quero deforma-los.
Ela foi ao encontro da tarde
desfilando entre seres
que sonhando , olhavam
todos pra cima....que zumbis
rezavam um credo estupido
na saliva acida preparada
com gritos infernais pra
fazer reinar o título da igreja
iluminado na rua onde
terminava o beco donde veio,
da sujeira bem vinda como
argumento da fala tosca
do clérigo parido de uma
cena de Hitchcock passando
a língua entre os lábios
depois de beber todo sangue.
A roupa de fino gabarito
e sapatos pretos de brilho
intenso não deixavam "pegadas"
transava o absurdo do feito
na culto que idealizava
o hino desafinado de um
novo paganismo monocromático
no desenho clássico das
alturas gregas pra cegar
todo infeliz novo modelo
de mula pra carregar um
príncipe até os céus da
fortuna que nunca queimava
em fogueira alguma.
Música pra ler: GHOST / Ty Segall