Ponta-cabeça
Num mundo de ponta-cabeça
Tudo assemelha, muito igual ao que é
Só que as coisas não estão de pé
O fundo, mesmo que tenha cor clara
Parece sempre meio escuro
E é achatado, plano, como um muro
Tem coisas altas e largas
Mas em nada há profundidade
É como a foto de uma cidade
Estranho, mesmo estando parado
O ambiente sempre fica a tremular
Ou será que é minha vista a falhar?
O mundo, embora bem divisado
Se espalha em caos e confusão
Ao simples toque de minha mão
Em ondas vai e se desfaz
Dilatando-se, fugindo de meus pés
Pois deitado é como és
Mas - meu Deus! - por que isso intriga?
À realidade volto, rindo-me, divertido
Pois o que vejo está na água refletido