Poesia

Luxuriosas, as palavras,

Dançam sedutoras ao redor de mim,

Como centelhas da mesma fogueira,

Me queimam, prazerosas, com o meu fim.

Um doce tormento, silêncio

Sepulcral e majestoso.

Caleidoscopicamente,

Em teu versejar suntuoso.

As letras se embaralham,

Se completam e reorganizam.

Se quebram, mudam de sentido,

Separam-se em novas sílabas.

O teu toque pessoal atrás da tela

Em suaves machadadas a teclar,

Esmigalham a minha alma

Quando, verso a verso, me vêm tocar.

Desfaço-me em borbulhas,

Restam átomos soltos na imensidão,

Pouco a pouco, me recobro,

Reconstroem-me a razão.

E como nomear um sentimento?

Como vocabularizar uma sensação?

De todas as línguas, buscaria verbetes

E, ainda assim, não haveria tradução.

Porque A Poesia, assim dita,

Artigo definido por pressuposto,

É a prova real de que há magia

Em fagulhas, brilhando, através dos poros.

Indo morar no papel ou na tela de um aparelho morto.

Milene Gomes
Enviado por Milene Gomes em 14/08/2019
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