PROFECIA APOCALÍPTICA
Eu vi o pequeno, ser grande.
Eu vi o fiasco do mar
As ondas tomando conta de tudo
Eu vi o sol a nos visitar.
O céu era vermelho escarlate
A terra não há lugar que se ande.
De estimação era um bicho que não late,
Açougueiros procurando a quem mate.
Eu vi o começo e tudo
E o fim, o meio e o nada.
Eu tinha o espelho da terra
A flecha que mira e não erra
O dom, o tom; a estrada.
Eu vi o furor nos olhares
Olhos assustados
Corações covardes
Tempos tardes
Para voltar atrás.
Eu ouvi o choro dos pássaros
Vi chover a cântaros
Vi fogo caindo do céu
O homem ao léu
Com pena de tudo
Medo do próprio absurdo
De suas mãos.
E o bem maior de nós todos
Já não era mais...
A vida.
Ênio Azevedo