No céu de Berlim
há azul escuro indecifrável.
As estrelas por conta do contraste brilham mais.
Há uma misericórdia abaixo do ciano
Um silêncio de cortar navalhas.
Um olhar de culpa estampado nas faces.
Não existe mais o muro de Berlim
Mas existem almas apartadas
Uma chaga divorciante
separando pessoas, afetos
e histórias...
Os tijolos guardados como
relicários
servem para nunca esquecer a infâmia.
Tanta mágoa.
Tanto rancor.
Tanta agonia represada em silêncios
indigestos.
E, uma indeferença cortês
a nos cumprimentar.
Já não há reticências.
Não civilidade ou romantismo.
As estrelas acenam num imenso
universo, repleto de lágrimas
e cactus.