SENSAÇÕES
Estou em um quarto escuro
Não há quadros na parede
Estou deitado em decúbito dorsal
Tenho as mãos cruzadas no peito
O silencio é o único intruso
A andar cuidadosamente sem tocar em nada
Não o sinto, mas sei que ele está ali
Sou uma fotografia em preto e branco
Jogada numa gaveta que ninguém vai abrir
Não penso em nada, meu cérebro parou
Meus pensamentos são folhas desprendidas
Que rolam longe da árvore mãe
Tenho a mente e o corpo anestesiados
Estou num quarto esquecido pelo mundo
Estaria eu morto? Ou durmo?
Que diferença faz, se não me sinto?
Se também não sinto o mundo
É como se a vida fizesse uma pausa longa
E o tempo tivesse saido fora, provavelmente,
Para passar em outro lugar
Há uma leveza nunca sentida
Há sinais claros de imaterialidade em mim
Será que estes são instantes da eternidade?