O QUE SOU?
Questiono-me feito vertigem e fumaça
Espantosa fúria que vem, passa...
Atiro-me ao vento
Reluto a farsa em protesto
Vasculho-me depois, antes observo,
Pesco a essência por completo
Sugo a seiva e me contento
Faço trilhas, cubro tetos
Neutralizo a magia lírica
Dou hora para não marcar
Marcado já é o tempo que corre, morre...
Percorro o cortiço revolto a verter lavas bravias
Reciclo as águas cristalinas
E gozo a vida num vácuo de cinzas
Diversifico sórdidos e submissos
Analiso a epopeia do infinito
E parte de mim torna-se lenda, um mito.